Poucas mulheres me impressionaram no decorrer da minha
existência.
Minha mãe - pelo seu sofrimento e uma ousada soberba - e
Johanna Dreyer por sua dualidade e indepêndencia!
Duas mulheres distantes, bonitas e fortes.
Elas não se misturaram, trocaram, fizeram amizades, se
relacionaram. Seguiram sós na vida, mesmo vivendo em
sociedade com filhos e esposos.
Johanna tinha uma namorada, mas posteriormente resolveu
se casar com um homem e ter filhos. Ela era, e ainda é
linda, mandona e muito educada. Tem uma pele de seda,
olhos límpidos verdes, um pouco gordinha e extremamente
impactante.
Tudo o que ela falava eu escutava em obediente atenção, e
o sonho de todos nós no teatro, era ser sua amiga. Ela
era gentil mas nunca teve a naturalidade de permitir uma
aproximação, um abraço apertado, uma liberdade comum aos
comuns.
Mas, apesar disso, Johanna permitia uma gargalhada
gostosa e com ela se poderia falar sobre qualquer tema,
nada a impressionava, o que trazia a impressão que estar
em sua comphania era algo que valia a pena, num mumdo
woke.
Ela era qualificada para assuntos complexos de toda
natureza, mesmos os mais delicados. Tratava os temas com
uma dignidade reservada - aí sim - aos bem nascidos.
Bem nascidos no sentido dos que nasceram com um cérebro
potente, pensador e libertário.
Raríssima qualidade nos tempos atuais, vide a velocidade
em que nos colocam em gavetas pré moldadas.
O mood do momento é oprimir, fazer baderna, falar
mentiras, estrebuchar nas igrejas em nome de Jesus e
acusar o próximo sem provas - vide as discussões
políticas que resultaram em êxito e aplausos por um povo
ávido por intrigas - oprimindo a vida e anunciando o
crepúsculo do cidadão de bem.
Falo sobre Johanna, e é fácil falar de Johanna e suas
impressões por ser uma mulher singular, mas para falar
sobre minha mãe, preciso de um capítulo inteiro, de um
livro inteiro, de uma vida inteira!
#Cavalheire-se!
Os homens estão sós. A mulher deveria ocupar o seu lugar
de educadora.
Ana Cavalheiro
Chacara Santo Antônio
Vila São Pedro - Brasil
Grevenstein -
Dicionário:
Woke: O que está misturado.
Mood: estado e espírito do momento.
Setembro de 2024
COLUNA